
Aveiro «cresceu». Deixou de ser aquela cidadezinha simpática, típica de província, e tornou-se num centro urbano moderno e desenvolvido.
Recordo o passado com nostalgia, mas olho para o presente com vaidade e para o futuro com optimismo.
Tenho saudades daquela Aveiro em que se jogava à bola no Largo de S. Gonçalinho e em que se pescava caranguejos nos canais da Ria, mas também sinto orgulho numa Aveiro mais cosmopolita, mais moderna e mais desenvolvida.
Guardo excelentes recordações das muitas tardes de glória, vividas no «velhinho» Estádio Mário Duarte, mas fico vaidoso ao ver o Sport Clube Beira-Mar jogar no novo e espectacular «Municipal» de Aveiro.
Gostava de ver o circo nos tempos da Feira de Março no Rossio, mas prefiro saber que, aquela que continua a ser a grande atracção anual da cidade, realiza-se hoje num espaço mais digno e com melhores condições.
A Praça do Peixe deixou se ser apenas um local de venda do peixe e assumiu-se como a zona de excelência de diversão nocturna.
Aveiro não tem hoje a tipicidade de outrora, mas oferece aos seus habitantes e a quem a visita, mais qualidade de vida. A cultura destaca-se. Mais cinema. O Teatro Aveirense recuperado. Galerias de Arte. O Centro de Congressos. O Estaleiro Teatral.
Aveiro consegue manter a tradição do bairro da Beira-Mar, mas olha para o futuro com esperança. São bairros novos que nascem. É a Universidade que se desenvolve e que se torna numa referência nacional. São as zonas pedonais que se tornaram realidade.
As salinas existem em menor número mas o esforço em preservar uma actividade secular mantém-se.
Aveiro não fugiu à regra e rendeu-se ao consumismo, no entanto, o artesanato, a gastronomia, e as tradições populares continuam vivas. O fast-food existe mas a caldeirada de enguias continua a maravilhar tudo e todos. Os ovos-moles continuam divinais e a festa das cavacas continua a ser a melhor do mundo.
Há muito que Aveiro deixou de ser a Lourenço Peixinho e pouco mais. Aveiro, sede de Concelho e Capital de Distrito deve assumir cada vez mais a responsabilidade de tornar-se a bandeira de uma grande região.
Uma cidade dinâmica onde a cultura é valorizada. Uma cidade com tudo o que as grandes cidades têm, sem que para isso haja perda de qualidade de vida. Uma cidade com comercio de qualidade e virada para o desenvolvimento industrial. Uma grande cidade.
Ontem e hoje. O mesmo encanto de sempre. Um vicio. Uma paixão eterna chamada Aveiro.
(texto a ser publicado no próximo número da revista «Pontes & Virgulas»)