terça-feira, janeiro 15, 2008

A segunda-feira de São Gonçalinho



O São Gonçalinho para mim é, essencialmente, a segunda-feira. Este ano não fugiu à regra. Saí mais cedo do trabalho e aí fui eu para a festa.

A Capela

Como é hábito, fui ver a capela. Meia horinha de contemplação. O altar, ao contrário de anos anteriores, mais «triste» e menos sumptuoso. Mais escuro também. E, ou tive azar, ou este ano não se cantou na capela.

Ir atrás da musica

Eu, primas, tias e amigos. Como sempre, fomos atrás da musica, percorrendo as ruas típicas da Beira-Mar. Ao que parece, a «banda» era nova, por isso, o hino do Beira-Mar e as musicas do São Gonçalinho ouviram-se poucas vezes. A meio do percurso, desistimos de continuar e regressámos a casa da minha mãe.

Em casa da minha mãe

«Enquanto puder, porque é que havemos de deixar de fazer?» - diz a minha mãe, quando eu e o meu irmão a alertamos para uma eventual necessidade de deixarmos de fazer a habitual festa de segunda-feira em nossa casa. Mas há o apoio das minhas tias e a tradição lá se vai mantendo. É difícil de acreditar que uma casa pequeníssima como o nº28 da Travessa de São Roque possa albergar na noite de segunda-feira de São Gonçalinho tanta gente!

Mandar cavacas

Jantámos enquanto a «musica» terminava o seu percurso e de seguida dirigimo-nos à Capela para mandar uns bons quilos de cavacas. Como todos os anos. Chegámos à Capela e já a fila era enorme. Motivo: enquanto a musica anda na rua, não há cavacas para ninguém. Até aqui tudo bem, agora, só não se entende é que tenham feito esperar as pessoas quase duas horas para se poder mandar as cavacas. Uma falta de respeito. Uma vergonha. E claro, quando a porta se reabriu para receber as pessoas, foi o caos total. Escusado será dizer que pessoas da Beira-Mar, que se conhecem desde sempre, começaram a discutir ao ponto «daquilo» ter ficado muito feio. Culpa de quem? Apenas de quem organiza a festa. Festa que é do povo. Festa que não é dos mordomos, por muito respeito que mereça o trabalho que desenvolvem. Mas a festa é das pessoas.

Elitismo e «cagança»

Verifico muitos «políticos» à volta da festa. Vejo muitos notáveis a surgirem na festa com o intuito de serem vistos. Penso que até há muita gente que vai mandar cavacas, não por ser tradição, não por devoção, mas por vaidade.

O programa

Continuo sem perceber porque é que a noite de domingo é «abrilhantada» por bandas musicais. as festas são sinónimo de arrais, de grupos como os «Sequência» ou «TV5». Bandas??? Os grupos são mais caros? Ok, mas e o retorno, não seria outro?

O fogo

A noite de segunda feira terminou com fogo de artificio. Enquanto tomava um descafeínado no «Canto Vivo», pude testemunhar que, à semelhança dos anos anteriores, foi muito bonito.

5 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro amigo Pedro Neves,
Desde já envio-te um abraço à Beira Mar! Gostava só de tecer alguns considerandos ao que escreveste relativamente à Festa do Nosso São Gonçalinho, sim Nosso, porque como dizes e muito bem, é de todos nós!
Não posso concordar contigo quando afirmas que o altar estava mais triste e menos sumptuoso que em anos anteriores, considero que este como em anos anteriores, esteve à altura de honrar o Nosso Santo, aliás Ele sim, lá do alto é que nos mostra toda a sua magnificência! E porque a Festa não é só à Segunda-Feira, na missa realizada no dia do Nosso Santo, o nosso Exm.º Sr. Bispo D. António Francisco, referiu-se a S.Gonçalinho como um exemplo na terra a ser seguido por todos nós. Mas já que falamos em tradição, não sei se por tradição, se por hábito no nosso Bairro da Beira Mar, as pessoas o que gostam mesmo é de criticar, censurar, falar por falar e ter do que falar, porque se nada tiverem a dizer, inventam qualquer coisa para o fazer! As Festas em Honra de São Gonçalinho, padroeiro do nosso Bairro, jamais foram perfeitas, se é que isso é possível, antes tiveram sempre confusão, desordem, enleio, perturbação, pejo, perplexidade e por vezes até alguma revolta, enfim toda esta miscelânea fez, faz e fará sempre parte integrante desta nossa verdadeira festa popular! Eu também assisti a toda aquela confusão após a chegada tardia da entrega dos ramos aos novos mordomos, e permite-me dizer que quando chegaste à capela para atirar as cavacas, não foi uma fila que encontraste, foram duas enormes filas que desembocavam à porta da Sacristia. Os Mordomos fizeram o que puderam, até porque as grades estavam lá a indicar qual o sentido da fila. Como disse atrás, a confusão e desordem estava instalada, e como estes serão SEMPRE elementos a ter em conta na realização dos festejos, teria como teve que imperar o bom senso de todos, afinal são assim todas as festas de cariz popular!
Por fim, gostava somente de acrescentar um ponto, e este vai de encontro a algo que disseste... Todos nós andamos cansados de falsos moralismos, de pessoas que têm prazer de censurar, criticar e julgar os outros. Parece-me que o reino dos sonsos vai ganhando adeptos diariamente... hipócritas moralidades! Existe algo de (muito) podre no reino!! É dentro daquela capela que encontro algo parecido com a liberdade perfeita, e não serão os paladinos da ditadura do politacamente correcto, manifestando todo o seu clericalismo proviciano-decadente que algum dia virão dar lições de moral!
O São Gonçalinho concerteza agradece... e para o ano lá estaremos!

Anónimo disse...

Caro Pedro,
Acredito que não saiba o que significa a festa de s. Gonçalinho, ate porque se soubesse não assumiria perante varias pessoas que leram o seu comentário, que o s. Gonçalinho é apenas a segunda-feira. Para sua informação a festa contou com mais 4 dias entre eles o dia do nosso santinho, mas se calhar nem o dia do santo deve saber qual é, o que lhe fica muito mal, visto ser uma pessoa criada tão perto da nossa capelinha.
Confusão? Se calhar houve, mas porque? Já se perguntou porque que existiu? Será que a culpa é apenas dos mordomos? Ou não Será culpa também das pessoas que hoje em dia só sabem criticar os outros, que vêem problemas onde não existem, que não sabem respeitar quem andou ali durante um ano a esforçar-se para que tudo corre-se bem, que deixou de estar com a sua família para dar o seu melhor na concretização da nossa festa.
Aqui fica algmas apreciações que não podia deixar de as transmitir.
Que para o ano cá estejamos todos para acarinhar o nosso santinho.
Cumprimentos festivos,
Vanessa

Pedro Neves disse...

Caro mcf: o texto que aqui fiz sobre a festa de S. Gonçalinho não tem nada a ver com o criticar por criticar. Nem este, nem nenhum outro texto do Aveiro Sempre. E mantenho tudo o que escrevi sobre a festa. A situação criada com as pessoas que esperaram duas horas para mandar cavacas, independentemente de ter sido fila para um lado ou para outro, foi uma vergonha e uma nitida falta de respeito por essas mesmas pessoas. Foi impressionante ver a indiferença e arroganica dos mordomos, confrontados com as criticas das pessoas.
Respeito pelo trabalho dos mordomos? Claro que tenho, mas não é por isso que temos que deixar de criticar situações destas que nada benificiam a festa.
Quanto ao altar, deixe-me que lhe diga, que a ideia do mesmo estar muito pobrezinho, foi partilhada por dezenas de pessoas com quem falei na festa. Mas aqui, admito, é uma questão de gosto e de opiniões distintas.

Vanessa: eu nao escrevi que a festa é apenas segunda feira, disse apenas que para mim, é, ESSENCIALMENTE, o dia de segunda-feira. É o dia que mais gosto. Por questões familiares, pela arruada, por ser o dia que mando as cavacas. E não me diga que não conheço a festa porque nao é verdade. Digo-lhe mais: posso garantir-lhe que a conheço muito, mas mesmo muito bem. Desde a sua historia, tradições, factos, etc, etc.
As criticas que aqui fiz, devem ser entendidas como fontes de melhoria. E se de facto nunca pde ajudar mais do que criticar construtivamente, é porque sou dali, morei ali mais de 30 anos, mas nunca tive o previlegio de muitos que nem sequer sabiam o que era a festa mas que chegaram a «donos», perdão , a mordomos da festa.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Caro Pedro, porque defendo a liberdade e a verdade acima de tudo, permita que lhe diga o seguinte: disse entre outras coisas que “A situação criada com as pessoas que esperaram duas horas para mandar cavacas, independentemente de ter sido fila para um lado ou para outro, foi uma vergonha e uma nítida falta de respeito por essas mesmas pessoas(...)” !!! Se realmente conhece tão bem a festa, SABE que NUNCA na Festa de São Gonçalinho, se mandaram cavacas enquanto se procede à simbólica entrega do ramo em casa dos futuros mordomos, a célebre arruada! Mais, foi demorada a arruada, é verdade, mas sabe qual a razão? Concerteza que não… penso que a passagem do ramo a 20(!) novos mordomos, segundo o que sei, demora sempre um pouco mais do que o habitual! E agora, vou um pouco mais longe… quando diz que foi uma vergonha e uma nítida falta de respeito por essas mesmas pessoas que se encontravam em ambas as FILAS, o que dizer da reacção de algumas pessoas para com os mordomos nessa altura?! Sim, para com os mordomos!? Esses senhores que envergam gabões e que muitas vezes são criticados por tudo e por (nada) todos, ora são uma ‘cambada’ de vaidosos, que só querem jantaradas (que por sinal até só são pagas do bolso de cada um!) ou ainda apontados por alguns como ‘donos’ da Festa! É injusto e tem que ser dito! Na minha opinião, essa indiferença e arrogância que aponta aos mordomos, não se verificou, mas a existir foi recíproca por parte de algumas pessoas que se amontoaram pra fazer barulho e estabelecer aquela confusão! E digo-lhe porquê: muitas pessoas, assim como o Pedro, consideram essencialmente o dia de Segunda-feira da Festa como o que mais apreciam, mas não DEVIAM esquecer que existem mais dias pra cumprir a sua promessa! No entanto, respeita-se este facto, por todos os motivos e mais alguns, tem é que existir sempre o bom senso de não desorganizar, e acima de tudo RESPEITAR o que tanto trabalho leva a organizar! O facto das condições meteorológicas terem sido desfavoráveis durante quase todos os 5 dias da festa, também ajudaram a que muitas pessoas alterassem o dia de cumprimento das suas promessas… vá-se lá saber por que razão o Santo, que por acaso até tem o seu nome, tentou pregar uma partida ao seu ‘amigo’ S.Gonçalinho!? E deixo aqui o testemunho, de alguém que assistiu a quem ajudou a criar tamanha confusão… foi uma conhecida senhora da Beira Mar, que chegada à capela, depois de ter andado na arruada, ao verificar que a fila era enorme, embora organizada junto às grades de contenção colocadas estrategicamente à porta da sacristia, decidiu, por sua livre e espontânea inteligência, perdão, vontade, encabeçar uma segunda fila, pensando ela que assim seria a primeira pessoa a entrar... Claro que as outras pessoas ao verem outra fila a ser formada, e claramente mais pequena, juntaram-se criando assim duas enormes filas. Este é o factor que o Pedro desvaloriza, mas que está na origem de toda aquela confusão! Será que o Pedro teria conseguido resolver tão rápido e eficazmente o problema como foi resolvido por aqueles que dão a cara pela festa?! Não sabemos, só o poderemos vir a saber no dia que alguém se lembrar de lhe passar o privilégio, perdão o Ramo! Para finalizar esta longa descrição dos factos a que assisti ‘in “louco”, digo-lhe o seguinte, de tudo o que escreveu acerca da Festa, só me lembro do Pedro ter um considerando mais positivo, mais parecido com crítica construtiva, quando se refere ao programa das festas para Domingo, relativamente às Bandas Musicais (bandas estas, que sempre desenvolveram um prestigioso contributo ao longo de várias décadas, nomeadamente, na profunda ligação que existe entre a cultura musical e a cultura popular) e os famosos grupos musicais, tais como “Sequência” e “TV5”! De resto, caro Pedro, considero que não se destacou por querer fazer crer a todos quantos leram o que escreveu, que as críticas que proferiu foram para benefício da festa!
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Caro Senhor
Nao nasci na prôa de uma bateira como canta o verso, mas quis o destino que fosse na rua paralela a capela do Nosso Menino.
Quis o destino que de pequeno nas brincadeiras da época tenha jogado à cavilha na terra do adro assim como à bola, tendo por baliza a porta da Igreja, que o SANTO já perdoou pela nossa juventude. Saltei a fogueira nos Santos populares e aprendi a ter apreço por todos aqueles que com as suas acções foram criando OBRA.
Quis o destino que tenha lutado por S.GONCALINHO contra o Adro, a Tapada ou o Rossio em lutas frenéticas que invariavelmente perdi pelos tabefes que levei por chegar tarde a casa para jantar.
Quis o destino que por não ter dinheiro para mandar cavacas tenha pedido aos MORDOMOS para tocar o sino em dias de festa pelo gozo de me sentir como dono de um acto sublime.
Quis o destino que fosse Mordomo(1974) provavelmente antes do senhor nascer.
Quis o destino que tenha morado junto à Capela onde em dias de Festa ouvia o cantar das cavacas nos vidros das janelas enquanto com os amigos bebia licor de Xiripiti.
Quis finalmente o destino que este ano tenha contribuído para uma EXCELENTE comissão de AMIGOS e DEVOTOS que organizaram as Festas em HONRA DO MENINO.
O diz que disse,a dor de cotovelo,ou a inveja,foram mandadas do alto da torre no último dia de festa junto com as nossas cavacas.
SE isto é ser político, vaidoso ou arrogante,então SOMOS !!
Fizemos com toda a DEVOÇÃO e AMOR o que para NÓS foi o MELHOR, e deixamos a certeza de Seguidores que vão lutar pelo mesmo ideal. Teremos concerteza telhados de vidro mas a nossa Honra não nos impede de lá voltar para o ano e CUMPRIR AS NOSSAS PROMESSAS.
Deixo ao senhor o desafio de SER O PERFEITO quando puder e de fazer uma Festa sem Mácula.
O MENINO AGRADECE e nós aplaudimos.
BIBÓ S. GONCALINHO !